Quando falamos da Amazônia, a principal imagem que vem à cabeça é a floresta de árvores gigantes, mas nosso bioma também é feito de outros relevos, vegetações e animais. É o caso das áreas alagadiças, que chamamos de “igapós”, aqui no Pará, mas alguns também chamam de “Mangal”. São áreas ricas em vida selvagem, mas perigosas para o visitante desavisado, que pode ser engolido por um emaranhado de plantas submersas e ter encontros desagradáveis com alguns peixes venenosos e outros bichos. Há alguns anos, por iniciativa da Secretaria de Cultura do Estado, foi criado esse parque belíssimo, com uma coleção de embarcações típicas, fruto do cruzamento das culturas indígena e portuguesa, e muitos exemplares de aves palustres amazônicas, como frangos d’água, piru-piru e saracuras. Trouxeram também cisnes e flamingos, causando certa polêmica mas, no fim, vale a pena vê-las também, por sua beleza. Assim, o visitante pode ter uma pequena ideia do que são os “mangais”, ouvindo o canto monótono das aves e se surpreendendo com a altura descomunal dos caules da aninga, uma planta que cresce à beira dos igarapés.
Esse desenho, eu fiz por conta de um workshop de pintura em aquarela que ministrei em alguns museus e memoriais da cidade de Belém. No Mangal, há um Memorial dedicado à navegação na Amazônia, por isso as embarcações a que me referi anteriormente. Ávido por captar toda a paisagem à minha frente, enquadrei mal o barco, mas ainda fiquei satisfeito pelo resultado, porque eu queria muito desenhar as texturas, sombras e volumes daquela paisagem. Usei um bloco de papel com capa dura da Canson, no tamanho A4, e lápis 6B.